quinta-feira, 8 de abril de 2021

Em novo disco “Nu”, Djonga expõe angústias e sentimentos de um mundo em combustão

Disco está disponível nas plataformas de streaming e no YouTube e é resultado de um período de reflexões e pandemia


João Terra

Fonte: culturadoria.com.br

Em: 16.03.21


Dia 13 de março é Dia de Djonga. Já virou tradição. Há cinco anos tem sido assim, desde o primeiro disco, “Heresia” (2017), passando por “O MENINO QUE QUERIA SER DEUS” (2018), “Ladrão” (2019) e “Histórias da Minha Área” (2020). O projeto da vez é o disco “Nu”, com oito faixas e participação de Doug Now e Budah. Um dos nomes mais expressivos e importantes do rap nacional, Djonga, mais uma vez, mostrou a que veio, compartilhando angústias e sentimentos da pandemia. 

Se tem algo em comum nos últimos tempos, é a angústia. Dessa forma, mesmo falando de vários temas e parafraseando as próprias vivências, a sensação ao fim de cada música é a de “nu” mesmo. Até quem não é mineiro sabe que a expressão serve para demonstrar espanto, surpresa, alívio ou satisfação. Entretanto, para além disso, o rapper afirma que o título do disco também é explicado pelo fato de todo artista estar sempre pelado, mostrando suas contradições.

Capa oficial de "Nu", por Jef Delgado
Imagem: 
tenhomaisdiscosqueamigos.com

Quanto mais sucesso, menos divertido / Eu não era assim, sou fruto do meio / Meu coração parece um balde furado / Acho que o vazio me pegou em cheio”, são as últimas frases da faixa de abertura, “Nós”. A música recupera o disco anterior, Histórias da Minha Área, que fala principalmente sobre a condição de ser negro em um país racista. Mas também abre alas para falar sobre questões internas adiante.

No entanto, Djonga não suaviza ou relativiza o discurso. Pelo contrário, se mantém nas origens e se adapta ao momento atual. Quem segue o artista nas redes sociais deve ter reparado que ele deu uma pausa. O movimento já vinha acontecendo há algum tempo, mas em dezembro de 2020, desativou a conta do Twitter e não apareceu mais no Instagram. “Sumi um pouquinho da cena / oportunidade pra outros brilhar”, diz um trecho da faixa “Ó Quem Chega”, cheia de referências criticando a política e a sociedade. 

Arte oficial de Djonga com a tracklist do novo álbum
Imagem
genius.com

Como não poderia deixar de ser, a pandemia também dialoga com o universo artístico de Djonga e reflete nas letras. Só para exemplificar, trazendo a reflexão para o pensamento científico, um ensaio publicado pela Fundação Oswaldo Cruz e assinado por pesquisadoras da Fundação de Pesquisas Urbanas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), mostra que a população negra e periférica é a mais vulnerável à pandemia. Isso porque o acesso a saúde, saneamento básico e transporte de qualidade é mais vulnerável. Ou seja, não tem como não pensar nesse aspecto ao ouvir Djonga

O sentimento de angústia já citado no início fica cada vez mais forte, principalmente depois da metade do disco. Muitas pessoas criticaram quando “Nu” foi divulgado, afirmando ser mais do mesmo. Mas quem vive a realidade da periferia, da favela e da negritude no Brasil sentiu diretamente a mensagem. Parafraseando algumas letras, é preciso fugir de si muitas vezes para se encontrar, ou olhar para dentro e para os mais próximos para encontrar a luz na escuridão. 

Em resumo, é muito bom viver na mesma época que Gustavo Pereira Marques e principalmente poder apreciar com empatia a sua música. Afinal de contas, de acordo com ele em “Ó Quem Chega”, “arte é pra ser combustível nesse mundo que tá em combustão”.

Charlie Brown Jr.: novos projetos evidenciam a força de uma grande marca popular

Documentário, material inédito e turnê celebram os 50 anos de Chorão, falecido líder do grupo


João Terra

Fonte: administradores.com.br

Em: 23.03.21


Um dos nomes mais bem-sucedidos da música pop brasileira está de volta aos holofotes do mercado de entretenimento. Na semana passada, a gravadora Sony Music anunciou ter fechado uma nova parceria com o Charlie Brown Jr., banda de rock que mantém uma marca de enorme popularidade no país, oito anos após a repentina morte de seu líder, Alexandre Magno Abrão - o carismático vocalista Chorão.

Celebrando os 50 anos que o querido roqueiro teria feito em 2020, seu filho e único herdeiro, Xande Abrão, assinou contrato com a tradicional empresa do ramo para vários lançamentos comemorativos neste ano, incluindo material inédito deixado por Chorão, uma nova linha de produtos exclusivos ligados à banda e uma turnê de homenagem com membros remanescentes e convidados, prevista para ser iniciada "assim que os efeitos da pandemia forem controlados", segundo comunicado da Sony.

Banda marcou gerações, sendo inspiração musical e pessoal para milhares de pessoas
Imagem: gazetafmtangara.com.br

Além da expectativa por novas músicas e shows, estrelados pelos integrantes Marcão Britto, Heitor Gomes, André "Pinguim" Ruas e Bruno Graveto, ao lado do ex-vocalista do grupo Tihuana, Egypcio, os fãs do Charlie Brown Jr. aguardam ansiosos pela estreia do documentário "Chorão: Marginal Alado", que estará disponível em plataformas de streaming no dia 8 de abril. Premiada na 43ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em 2019, a produção dirigida por Felipe Novaes baseia-se em mais de 600 horas de gravações pessoais registrando a intimidade do vocalista e os bastidores de sua carreira, com depoimentos de familiares e amigos de Chorão, como o baixista e parceiro de banda Champignon, também falecido em 2013.

Todos esses projetos buscam não só saciar a vontade de uma legião de admiradores Brasil afora, ávidos por consumir novidades relacionadas ao grupo, mas também destacar seu legado como um dos maiores fenômenos do rock nacional e dos últimos grandes representantes do gênero no país.

Chorão foi único integrante a passar por todas as formações da banda
Imagem: iles.nsctotal.com.br

Formado em 1992, em Santos (SP), o Charlie Brown Jr. despontou profissionalmente em 1997, unindo as subculturas do surfe e do skate e combinando estilos musicais variados como punk rock, rap e reggae - uma mistura aparentemente inusitada que, somada a uma atitude irreverente e bem-humorada, incorporada na personalidade magnética de Chorão, provou ser exatamente o que o público jovem da época não sabia que queria tanto.

O sucesso de músicas como “Zóio de Lula”, “Te Levar”, “Papo Reto”, “Lutar Pelo Que É Meu” e “Só os Loucos Sabem” garantiu, até 2013, a venda de mais de 5 milhões de cópias dos produtos da banda, incluindo 11 CDs e seis DVDs, além de prêmios de prestígio na indústria, incluindo dois Grammys Latinos, dois Prêmios Multishow de Música Brasileira e cinco troféus MTV Video Music Brasil. Essa produção consistente de hits evidencia a visão, a sensibilidade e o talento de Chorão como compositor antenado aos desejos e anseios de seu público, cantando com a mesma desenvoltura sobre temas como desigualdade social e superação pessoal, amor e sexo, vícios e virtudes.

Chorão era quem ditava o ritmo dos shows do Charlie Brown Jr.
Imagem
f.i.uol.com.br

Quando foi encontrado morto, por overdose de cocaína, em 6 de março de 2013, o vocalista já havia alcançado um lugar especial, de onde não sairia mais, como porta-voz de uma geração que segue prestigiando sua memória e a marca que fundou. O Charlie Brown Jr. soma mais de 3 milhões de ouvintes mensais no Spotify, atrás apenas de Nando Reis entre os artistas de rock mais ouvidos da plataforma no Brasil, segundo levantamento do canal BrainStats.

Com tantos lançamentos previstos, o retorno especial do grupo à cena deverá atrair também uma nova leva de fãs, renovando seu apelo e assegurando a continuidade desse longevo sucesso.

Em novo disco “Nu”, Djonga expõe angústias e sentimentos de um mundo em combustão

Disco está disponível nas plataformas de streaming e no YouTube e é resultado de um período de reflexões e pandemia João Terra Fonte:  cultu...